Thursday, September 27, 2007

diálogos alegres de uma manhã

- vamos! levanta-te que é tarde!
- dói-me o corpo da surra que levei ...
- por isso não tive mimos...
- foi duro o dia d'ontem.
- isso a mim que m'importa? põe-te a pé, vai trabalhar!
- porra, já vou. prepara-m'um lanche e o queijo p'ragora.
- queres água quente para a cara?

aliteração em "t"

os dias passam pelos descontentes,
sem contentamento.
o conteúdo, esse, o do costume,
contundente.


mesmo assim, sou mais contente
por sermos cada vez mais os descontentes
conscientes.

provas de sobrevivência

caminho-me por dentro e por fora,
sem cartografia.

passo um rio, que me separa, para o outro lado,
a nado que me faltam pontes.

Friday, September 14, 2007

não respira...

nas nuvens sobre o mar
há um rosto carregado

se deus não estivesse morto,
diria que estava zangado.

ar livre

são palavras à deriva
no rio das banalidades,

são apenas letras pegadas,
sem utilidade por aí...
no vazio,

até ser eu que as quero
e que o peito me bata
eu fosse uma vela
e soprasse vento por dentro.

e então juntam-se os pedaços do mundo disperso
e completa-se sozinho o quebra-cabeças
da indecisão.
a m o - t e .

Thursday, September 06, 2007

2007

a festa edifica-se,
uns constroem-na e outros visitam,
outros ainda vivem para a destruir

mas enganam-se que a força une mais que cimento,
e os tubos resistem mais que as vigas do capital,

venham daí amigos, que a festa vai começar,
em frente camarada, que a história não terminou afinal.

a festa vive-se,
uns constroem-na, outros visitam,
e ali está de pedra e cal.