Friday, December 22, 2006

letras ígneas

a primeira página da minha vida és tu.

Tuesday, December 19, 2006

a.g.

ela
centra-me, abraça-me, melhora-me.
ela
questiona-me, rebenta-me, impressiona-me.
ela dança-me, ela encerca-me, ela alegra-me.

entristece-me, a lonjura dela.
encoraja-me sabe-la à distância
de uma meia de leite em chávena escaldada.

ela é áfrica, é casa, é o rio da minha cidade.
ela é a pele que não se inquieta que se aproxima.
ela é o riso comigo é a lágrima compartilhada, é a raiva a pulsar.
ela é minha camarada, minha companheira,
minha amiga,
minha irmã.

Wednesday, December 13, 2006

cadeia natural

tenho a vida presa ao corpo,
projecção do que sou numa parede branca.

tenho o corpo agarrado à alma,
mais que à minha, à das flores da primavera
e à da luz que desce a encosta da montanha.

Sunday, December 10, 2006

era capaz de escrever sem parar, caso houvesse tempo. amar as palavras como se fossem mulheres e delas fazer amantes eternas, constantes e fiéis. era capaz de respirar as letras no papel, encher-me de ares de literatura. em escrevendo os segundos e os minutos são diferentes, porque os agarramos bem na palma da mão. são nossos e podemos pará-los. podemos olhar-nos por dentro e por fora, espreitar a nossa própria alma. se houvesse tempo e talento, era a minha vida escolhida. Até trocar o sangue por versos e as sinapses por exercícios de sintaxe.

e eu ser apenas mais uma página de um qualquer livro aberto...