é com a mão pousada na tua pele,
percorrendo com meus dedos as tuas costas suaves,
os meus lábios sobre os teus,
com as tuas palavras esvoaçantes,
e os teus sussurros soprados no meu ouvido
em murmúrio
que me ultrapasso, me acendo,
facho de luz nas noites antigas distantes.
Wednesday, January 30, 2008
não-criação
sou ignorante,
sobretudo mendigo sabedoria.
à minha volta o mundo,
mais e mais, a cada vez, gigante.
nem me restam as palavras e a poesia
porque a não sei, para além das letras.
que em desesperadas derradeiras tentativas
ainda vou desenhando instintivas.
e como nuvens, naturalmente involuntárias,
pintam no céu a imaginação.
sobretudo mendigo sabedoria.
à minha volta o mundo,
mais e mais, a cada vez, gigante.
nem me restam as palavras e a poesia
porque a não sei, para além das letras.
que em desesperadas derradeiras tentativas
ainda vou desenhando instintivas.
e como nuvens, naturalmente involuntárias,
pintam no céu a imaginação.
Wednesday, January 23, 2008
agroal
eu estive no Agroal que por si só é poesia.
olhei as árvores pendendo sobre o ribeiro num abraço de irmãos.
sob o céu o rio sereno de água fria,
em que não molhei as mãos,
mas bem podia.
olhei as árvores pendendo sobre o ribeiro num abraço de irmãos.
sob o céu o rio sereno de água fria,
em que não molhei as mãos,
mas bem podia.
Tuesday, January 08, 2008
revolução
por ora resiste, imortal
filha do passado
de presente adiado,
e futuro fatal.
do processo, é povo o sujeito,
nascido da têmpera do aço
a duros trabalhos sujeitado,
que mesmo de rosto sujo,
tem-no sempre lavado.
filha do passado
de presente adiado,
e futuro fatal.
do processo, é povo o sujeito,
nascido da têmpera do aço
a duros trabalhos sujeitado,
que mesmo de rosto sujo,
tem-no sempre lavado.
Friday, January 04, 2008
altar fingido (ou o Roubo Material da esperança Transcendente)
A terra molhada dourada pelo sol ainda soava à música que tinha tocado toda a noite. Os tambores da terra troaram persistentes enquanto a feiticeira da aldeia promovia a liturgia floral e os homens e mulheres choravam.
A fogueira de chamas vivas deixara no seu lugar as brasas mortas.
Não muito longe, ela preparava a cama com os lençóis de seda do oriente trazida por ventos encomendados, após ter guardado as oferendas do povo num altar pouco próprio, espalhado sobre uma mesa de madeira-carmim importada que se prostrava na divisão de marfim em que cozinhava. Na noite seguinte teria beterraba azul e quimera fresca para o manjar.
No sopé da encosta, onde ainda não raiava luz, nas casas pobres de lama e pedra-vítrea, pais e mães comiam pão antigo e para os quatro filhos um figo. Da sua janela, via-os sem compaixão.
A fogueira de chamas vivas deixara no seu lugar as brasas mortas.
Não muito longe, ela preparava a cama com os lençóis de seda do oriente trazida por ventos encomendados, após ter guardado as oferendas do povo num altar pouco próprio, espalhado sobre uma mesa de madeira-carmim importada que se prostrava na divisão de marfim em que cozinhava. Na noite seguinte teria beterraba azul e quimera fresca para o manjar.
No sopé da encosta, onde ainda não raiava luz, nas casas pobres de lama e pedra-vítrea, pais e mães comiam pão antigo e para os quatro filhos um figo. Da sua janela, via-os sem compaixão.
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