Monday, January 22, 2007

silvos de paz

doem-me as coisas que não fiz,
por saber a dor dos outros;
são calafrios, arrepios,
sussurros de insuficiência,
são chamas do que não se diz.

escondem-se verdades
em escombros de mentiras,
em palavras vendidas,
e a cada dia me ensaiam utopias
sobre os corpos da fome
de crianças sub-nutridas.

soam a segurança as balas,
as bombas tele-guiadas.
dizem-se pombas onde voam falcões,
mostram-nos mãos onde apontam canhões.
e morremos devagar,
os que comem sofrimento sem saber,
os que acordam mortos sem sonhar,
os que sonham acordados e ficam só a ver,
os que, a ver, perdem a força de lutar.

1 comment:

Sérgio Ribeiro said...

Bem arrancado. Cá de dentro.
Um abraço