doem-me as coisas que não fiz,
por saber a dor dos outros;
são calafrios, arrepios,
sussurros de insuficiência,
são chamas do que não se diz.
escondem-se verdades
em escombros de mentiras,
em palavras vendidas,
e a cada dia me ensaiam utopias
sobre os corpos da fome
de crianças sub-nutridas.
soam a segurança as balas,
as bombas tele-guiadas.
dizem-se pombas onde voam falcões,
mostram-nos mãos onde apontam canhões.
e morremos devagar,
os que comem sofrimento sem saber,
os que acordam mortos sem sonhar,
os que sonham acordados e ficam só a ver,
os que, a ver, perdem a força de lutar.
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1 comment:
Bem arrancado. Cá de dentro.
Um abraço
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