quando ela morreu, o mundo, infelizmente, não cessou. e os dias passavam agora penosos, eras a cada lua. na floresta onde caçavam, vagueava inconscientemente, entorpecido. havia um vazio nos seus olhos que só viam saída nas lágrimas cheias que pendiam, permanentes.
quando ela morreu, o mundo, infelizmente, continuou. e ele, perdia a continuidade do seu ser, um pedaço de alma, como um pedaço da vida. narciso arrastava os pés por entre as árvores. eco seguia-o sentindo a dor.
nas sombras oblíquas da floresta, por onde haviam passeado as musas nas horas matinais que se iam e por onde hades passearia nos instantes que se seguiam em busca de perséfone para se saciar, jazia um lago que reflectia o céu por entre folhagens. quando caiu, debruçou-se, infinitamente triste sobre as águas espelhadas e serenas.
ali, mesmo ali, jazia a imagem gémea dela. não mais desviou seus olhos da água que chorava com ele. eco, bela, olhou seu corpo moribundo e chorou. no lugar onde narciso adorou a sua irmã, deixou uma flor que ali cresceu.
Thursday, December 13, 2007
Monday, December 03, 2007
pai, filho e espírito santo
I - pai
criaste um deus para te servir,
balofo parasita,
idiota prestamista,
tem menos gosto a tua lagosta
que a sandes da minha marmita.
(não ajoelho mais
a esse deus de sacristia
promete abundância à noite,
escassez durante o dia.)
-----
II - filho
põe de lado o terço obscurantista,
construímos futuro rumo à conquista,
vamos juntos, dá-me a mão
se não és filho de deus
foste sempre meu irmão.
-----
III- espírito santo
às vezes até lamento,
que nunca tenhas existido.
teu pai seria o primeiro de castigo merecido.
criaste um deus para te servir,
balofo parasita,
idiota prestamista,
tem menos gosto a tua lagosta
que a sandes da minha marmita.
(não ajoelho mais
a esse deus de sacristia
promete abundância à noite,
escassez durante o dia.)
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II - filho
põe de lado o terço obscurantista,
construímos futuro rumo à conquista,
vamos juntos, dá-me a mão
se não és filho de deus
foste sempre meu irmão.
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III- espírito santo
às vezes até lamento,
que nunca tenhas existido.
teu pai seria o primeiro de castigo merecido.
vontade do trabalho
ergue mais alto a voz,
ergue mais alto o rosto,
mais alta a dignidade,
que se levanta um sol depois de posto.
levanta os olhos,
e no horizonte verás liberdade.
já não sois escravo nem servo,
e vão-se rompendo as rédeas da verdade,
já não tendes dono nem senhor,
mas falta cumprir-se a tua vontade.
ergue mais alto o rosto,
mais alta a dignidade,
que se levanta um sol depois de posto.
levanta os olhos,
e no horizonte verás liberdade.
já não sois escravo nem servo,
e vão-se rompendo as rédeas da verdade,
já não tendes dono nem senhor,
mas falta cumprir-se a tua vontade.
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