Thursday, May 29, 2008

a minha reflexão é a minha raíz.
talvez por isso, a teus olhos, quadrada.

Wednesday, May 28, 2008

onde o mar

o mar onde vivo
é onde quero morrer
em chamas, ao éter levantadas como punhos incandescentes.

o mar onde moro
é onde quero ficar desalojado,
despojado, indigente e vagabundo.

o mar onde voo
é onde cairei sem asas,
rastejante, afundado em ondas de choque.

onde o mar vive,
sou eu que respiro no sussuro das marés,
onde a terra me abraça, o sol em fortes feixes
é deus no ar e nos trovões.

Friday, May 23, 2008

o caixão

as mentiras são as balas
as desgraças
e a fome,
as mentiras são as pragas,
as doenças
e a dor,
as mentiras são o choro
o abandono
e a solidão,
as mentiras são as valas no chão,
são a morte,
o caixão.

as mentiras hoje matam gente de verdade,
a verdade essa, porém, não morre de mentiras.

Friday, May 09, 2008

cinzento

colheram-se-me as asas
ora não vôo
porque o céu se cobriu
e o sol se tapou.

Thursday, May 08, 2008

presença

mas beijar-te
sopra um vento
de dias presentes
e eu torno a ser um livro
por escrever,
cuja pena ondula nas tuas mãos.

ausência

na palma da minha mão fica o pó
dos dias passados
como memórias indistinguíveis
da ausência de mim.