morreu-me o deus no altar,
sacrificado, esventrado,
o meu nome não se lê mais,
por nunca ter sabido amar.
não saberei, nunca,
porque o gosto que me fica
é de sangue amargo,
envenenado, pesado.
não correrá mais,
porque agora sou meteoro
telúrico, auto-destrutivo,
rasgado, apagado.
restam dias pela frente,
eras de vazio por desvendar,
um espaço traído por mim,
abalado pelo teu triste cantar.
Monday, May 29, 2006
olhar e não ver, tocar e não sentir
assustam-me as horas negras,
espectros necrófagos das traves da minha alma,
que se some, consome, entre os claustros
espectros necrófagos das traves da minha alma,
que se some, consome, entre os claustros
fechados do meu corpo.
assustam-me os vazios brancos,
fantasmas singulares de gravidade,
que me esmaga, consome, entre os intervalos
abertos dentro de mim.
Thursday, May 25, 2006
o nascente do Homem
soa a vento o sal dos dias
que em boa hora rumam
a sóis diferentes,
acesos pelas lutas das nossas vidas.
que em boa hora rumam
a sóis diferentes,
acesos pelas lutas das nossas vidas.
Friday, May 19, 2006
beira de rio
vi-me nos teus olhos,
desfiz-me no teu beijo.
expandi-me no teu abraço,
e os meus lábios em colapso
no teu ombro despido.
era, antes da noite, uma hora clara,
e vi-te ao longe antes das mãos dadas,
e as minhas ali se quedaram,
esperando,
ao que estavam destinadas.
desfiz-me no teu beijo.
expandi-me no teu abraço,
e os meus lábios em colapso
no teu ombro despido.
era, antes da noite, uma hora clara,
e vi-te ao longe antes das mãos dadas,
e as minhas ali se quedaram,
esperando,
ao que estavam destinadas.
Tuesday, May 16, 2006
fiquei
deixaste-me acesa,
acordada,
desperta.
deixaste-me bem disposta, bemvinda, perdida, sentida, doente.
deixaste-me confusa. deixaste-me
bebida, sorvida, molhada.
desencorajada.
quente.
confusa.
perdida.
ausente.
acordada,
desperta.
deixaste-me bem disposta, bemvinda, perdida, sentida, doente.
deixaste-me confusa. deixaste-me
bebida, sorvida, molhada.
desencorajada.
quente.
confusa.
perdida.
ausente.
Monday, May 15, 2006
meu amor.
tenho estado a beber rum contrabandeado, à espera que o telefone toque e do outro lado esteja um amante antigo. tenho estado a pensar na vida, nos espaços deixados, nos amigos que estão sempre longe, mesmo quando lhes toco e eles me tocam e nos podemos ouvir.
meu amor.
hoje apanhei sol e tive saudades tuas, e agora o rum conforta-me a pele queimada. os gatos estão assanhados, querem colo e não sei porquê. estou sozinha em casa, a beber rum e a pensar na vida e os gatos querem atenção.
é tarde em lisboa e faltam-me as palavras. se tivesse mais palavras ligava-te, dizia-te a falta que me fazes, contava-te todas as coisas que nunca há tempo para contar, mesmo quando a noite é longa, e o vinho é muito e estamos juntos nessa lisboa aparecida.
fazes-me falta.
tenho estado a beber rum contrabandeado, à espera que o telefone toque e do outro lado esteja um amante antigo. tenho estado a pensar na vida, nos espaços deixados, nos amigos que estão sempre longe, mesmo quando lhes toco e eles me tocam e nos podemos ouvir.
meu amor.
hoje apanhei sol e tive saudades tuas, e agora o rum conforta-me a pele queimada. os gatos estão assanhados, querem colo e não sei porquê. estou sozinha em casa, a beber rum e a pensar na vida e os gatos querem atenção.
é tarde em lisboa e faltam-me as palavras. se tivesse mais palavras ligava-te, dizia-te a falta que me fazes, contava-te todas as coisas que nunca há tempo para contar, mesmo quando a noite é longa, e o vinho é muito e estamos juntos nessa lisboa aparecida.
fazes-me falta.
Tuesday, May 02, 2006
Maio
agora os feixes de luz são imensos,
o sol abraça-nos no calor de maio,
mãos de deus por entre as nuvens escassas,
agora quando olhamos, somos nós lá fora
observando a partir de dentro.
é uma música que se espalha pelas flores brancas nas árvores,
fazendo sons de desejos, espalhando notas e tons de um tango constante,
em que nos tingimos de vermelho.
o sol abraça-nos no calor de maio,
mãos de deus por entre as nuvens escassas,
agora quando olhamos, somos nós lá fora
observando a partir de dentro.
é uma música que se espalha pelas flores brancas nas árvores,
fazendo sons de desejos, espalhando notas e tons de um tango constante,
em que nos tingimos de vermelho.
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