Thursday, December 22, 2005

Inércia


Desvio o olhar do relógio. Na verdade, o tempo parou esta manhã.
Quando foste embora. Quando me deixaste entregue a mim mesma. Dizem que na ausência tudo esmorece, e tu teimas em provar-me o contrário, em torturar-me com golpes sanguinários de saudade e desejo. Paradoxalmente, esta seria a fase que em ti encontraria diferenças incontornáveis, uma qualquer justificação para o meu medo e que te faria partir sem deixar rasto; no entanto, quantas mais são as noites ao teu lado, mais gosto de ti, mais povoas o meu pensamento.
És um homem sensível, gosto da tua fragilidade que é também a minha. Gosto de poder mostrar-me sem rodeios, ser eu e não alguém de quem gostarias mais...e ainda assim, saber que não te importas. Veres-me como sou e abraçares-me...
Volto a espreitar os ponteiros do relógio. Julgo que se moveram, à rebelia da minha inércia. Este tempo é profícuo em coragem, porém estaticamente tentador. E não pode ser diferente, é tempo de Amor!

No comments: