Thursday, October 12, 2006

espelhos

desprendi-me do tempo.

corre-me o sangue que estancara,
dá-me vida, corpo e alma.

levantam-se madrugadas,
erguem-se novas moradas,
onde há lareiras
cortinas escuras
e cadeiras
e um espelho baço
de futuros
e passados.

sou o momento.
não tenho lugar no tempo,
minha existência é uma fugaz coincidência
da espessura de um reflexo.
sou película ínfima dos desejos
humanos de imortalidade.

eu e tu,
separamos como fios de navalhas agudas,
as componentes do tempo.
projecções de mil ideias resignadas
outras tantas revoltadas.

desprendemo-nos do tempo.

1 comment:

Anonymous said...

*****
5 estrelas!
;)