Tuesday, November 28, 2006

não és a margem do meu rio

sou sinédoque ou metonímia
de um deus metafórico,
elipsado dos nossos dias,
morto em gritos de ignomínia.

fora de mim não existes,
tu, nem deus nem demónio,
que eu sou condição da essência,
da existência
da tua e da minha consciência.

e deixa de lado a hipérbole imortal,
ubíqua e omni-tudo, com que te escreves
em versos, versículos, salmos e sermões,
deixa-me entrar em tebas, mergulhar-me em trevas,
em hades, abraçar caronte e ajoelhar-me aos tridentes.

quero abandono.
não és tu a margem do meu rio.

1 comment:

Inês Santos said...

há dias em que se escreves... escreves. há dias em que as tuas palavras são pedras encaixadas. este é um desses poemas.