Thursday, January 12, 2006

anti-epicuro

sei que morro enquanto vivo,
mas deixem-me viver enquanto morro.

por isso quero esse vinho
num sorvo
por isso quero esse teu lábio
no meu corpo
por isso quero o fogo
no horizonte
por isso quero a música
no meu vento
a essência das mulheres
no meu leito
por isso quero o meu sangue
cada vez mais vermelho,
mesmo que esteja rarefeito.
por isso hei-de caminhar
pelos mares à minha frente
em passo imperfeito

e ainda que morra amanhã
terei vencido a morte no dia em que nasci.

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