Wednesday, March 15, 2006
a casa com relva
raiavam as primeiras luzes da manhã sobre o orvalho que descansava na relva. deixava em casa praticamente tudo. naquele dia não ia precisar da carteira, nem das moedas, não ia precisar do telefone, nem da mulher. não ia precisar da companhia da filha, nem do fiel sirocco, não ia precisar sequer dos chinelos e trazia com ele só o corpo. a relva estava fresca, fria até. os seus pés enterraram-se nela e o seu corpo sofreu um pequeno arrepio, enquanto a alma se lhe encolheu. encolhia-se para tomar balanço, para ganhar coragem de encher o peito logo a seguir. e ali, com os pés na relva enfiados, com o orvalho fresco de primavera a cobrir-lhe o calor saído da cama, olhou a relva e o céu. respirou. entrou em casa e pensou: pronto.
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