estávamos no mês de novembro. soprava um vento que nos descia pelo corpo como descia a encosta sul da serra. o combinado era encontrarem-se na praia, longe de todos. em Novembro as pessoas não vão tanto à praia, ainda que a raiva das ondas e a espuma branca da sua rebentação pulverizante seja ainda mais bela contra o céu carregado e cinzento. a serra desce de encontro ao mar mesmo ali naquela praia e as árvores ainda beijam a areia com alguns dos seus ramos, evidenciando uma palete de cores invernais de vegetação, areia, mar e céu.
o sol só raiava ao longe, num intervalo das nuvens compactas, que deixava passar um leque de feixes luminosos, clareando o mar ao longe, como se fossem dedos de deus.
ali na areia, esperava-a.
ela descia com calma as escadas que se encaminhavam íngremes para a praia gelada, envolvida numa neblina esparsa que murmurava novembro. e o som à volta era o das ondas que batiam e o do vento que soprava frio nas nucas de ambos.
ela desce, aproxima-se e senta-se ao lado dele. a combinação era de ali se encontrarem, não havia nenhum outro propósito. olharam-se, no recorte contra o céu cinzento e os cabelos dela apontavam o sul, ondulando sobre o seu rosto. os olhos encontraram-se e fixaram, por momentos, a vida de cada um.
ele não podia estar ali. por isso, aquele encontro não passaria dum encontro de olhares e vidas, numa concorrência pontual de duas cujos caminhos não mais se cruzariam.
o olhar dela buscou-lhe o ser. como quando se faz amor. só se ouviram duas frases:
- olha o mar, que os teus olhos me apertam.
- posso olhar, no mar vejo os teus olhos.
o sol só raiava ao longe, num intervalo das nuvens compactas, que deixava passar um leque de feixes luminosos, clareando o mar ao longe, como se fossem dedos de deus.
ali na areia, esperava-a.
ela descia com calma as escadas que se encaminhavam íngremes para a praia gelada, envolvida numa neblina esparsa que murmurava novembro. e o som à volta era o das ondas que batiam e o do vento que soprava frio nas nucas de ambos.
ela desce, aproxima-se e senta-se ao lado dele. a combinação era de ali se encontrarem, não havia nenhum outro propósito. olharam-se, no recorte contra o céu cinzento e os cabelos dela apontavam o sul, ondulando sobre o seu rosto. os olhos encontraram-se e fixaram, por momentos, a vida de cada um.
ele não podia estar ali. por isso, aquele encontro não passaria dum encontro de olhares e vidas, numa concorrência pontual de duas cujos caminhos não mais se cruzariam.
o olhar dela buscou-lhe o ser. como quando se faz amor. só se ouviram duas frases:
- olha o mar, que os teus olhos me apertam.
- posso olhar, no mar vejo os teus olhos.
No comments:
Post a Comment