o fumo do meu cigarro enrolava no ar os meus pensamentos. depois de ler no jornal de café barulhento um artigo sobre a origem dos seres, revoltou-me o regresso retumbante do idealismo. o mundo desfaz-se às mãos balofas daqueles que o dominam. o raciocínio do homem é a nossa única chave para abrir a obscuridade. o próprio planeta nos lamenta.
o café passou-me amargo, mas quase despercebido. o novo travo do cigarro incandescente encheu-me os pulmões de raiva. o idealismo. eterno inimigo da humanidade reforça a sua cruzada de dominação do espírito. a criação por oposição à racionalidade.
enquanto passo os olhos de relance incontrolável pela rapariga que se sentou na mesa do lado, aprofundo. a subjectividade das emoções é o sustento da miséria. nós somos o nosso próprio inimigo. no vidro da mesa em que me sento, vejo o meu reflexo contra o tecto. o vidro, no entanto, não sou eu.
agarro a água e bebo-a para tirar o gosto cansado do café. explico o artigo do jornal a mim próprio e entendo o equilíbrio delicado entre ideia e matéria. explico a vida com um facto inexplicável. a criação torna-se clara. o idealismo é a base contrária da definição. acaba-se-me o cigarro. a raiva passa-me dos pulmões para todo o corpo sob a forma de um pensamento.
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1 comment:
Sempre tens aquela teoria de que fomos criados por extraterrestres que resolveram misturar o ADN deles com o dos primatas que encontraram no nosso planeta para ver no que é que dava...
"Cuidado! Eles andem aí! Serem sete e andem aos pares!"
"Turururururuuu...(x-files)"
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