Saturday, December 03, 2005

Perenidade de um dia...


Sentada, as paredes brancas resvalam sob a forma de silêncio. Observo o movimento da cidade: pessoas correndo de um lado para o outro, ao ritmo do baloiçar da minha perna esquerda. Passam por mim, atropelando-me com a sua indiferença. Analiso a minha poltrona de tamanho infinito, composta por pedras, alcatrão e beatas de cigarro que desenham puzzles de vidas monótonas...
O movimento que de pendular se torna inerte...Constato que a folha do calendário foi rasgada pela novidade. Os sentidos acordam com essa notícia e procuram diferenças: o cheiro de Dezembro, a cor do Inverno ou a luz dos casacos de lã.
Inspiro toda a atmosfera, acrescentando novos átomos de lassidão aos meus pulmões. Na verdade, a história repete-se, as horas cumprem-se, e só eu, absorvida pela passividade de uma perna esquerda que baloiça mas não avança, deixo-me estar, sentada, sobre a janela da minha vida, adormecida sobre uma vontade que não mais acordará...

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