aqui me ajoelho
a tuas vontades,
deus meu e de todos os mouros,
nas salas escuras que são uma só,
as da minha clausura.
meus olhos não alcançam
para lá dos muros que me cercam,
o sol não entra em tua casa, pai,
a àgua que escorre nas paredes velhas
são lágrimas minhas pelo mundo que não vejo.
a noite surgiu-me nova,
rasgada por olhares trocados,
e por beijos inventados,
fiquei ali para sempre.
ali na ladeira onde agora moro
desaparecida e triste.
e choro-te, pescador de Cristo,
sabendo que me choras a um deus,
choro-te nos dias etéreos
que já não vivo perante ninguém.
choro-te na ladeira, na calçada
na porta, no vento,
e na escada,
nos raios de Sol, nas chuvas
e nos raios da noite de trovoada,
nos flores da serra,
na pedra furada,
e nas ondas do teu mar,
choro-te na minha eterna espera.
aqui continuo, por ti, pescador, homem,
encantada, numa prece serena
por sentir correr-te em meu sangue,
percorrida no corpo por tua mão, nua.
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