na divisão,
cárcere de dias e noites,
mesmo junto ao cheiro dos homens,
o véu encobre no escuro
o rosto árabe, os lábios de frutos.
obriga assim a própria condição
perante deus, de ser inferior,
cativo entre os outros,
vivendo entre grades de prisão.
a beleza contida,
agrilhoada por cimentos,
véus e trajes, viaja por uma só noite
e não volta a respirar o ar da cidade,
da ladeira.
por entre as portas
o sol ainda raia
em diálogo com um deus perdido,
desentendido entre si próprio.
o feitiço não se rogou a deuses
nem sóis nem luas,
e fica um rio, um mar,
e os ramos tristes das árvores nuas.
e o pescador pode aguardar
o seu amor por uma troca de olhares
que ficou ali, antes do início do tempo,
na ladeira, junto à taberna.
E nunca mais ninguém a viu,
em parte nenhuma,
a não ser as lágrimas que caem
ainda hoje em dias de chuva.
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