Sunday, September 18, 2005

À minha cidade

Descansa na encosta
com um olhar sobre o Sado,
as neblinas das manhãs
cobrem praias de gentes
nas praças abaixo do plátano.

Alto levantam-se as vozes
nas janelas das pequenas vielas,
com sons do passado tão presente
lembrando um povo de mulheres
velhas e belas.

No céu azul do rio
navegam vidas ao sabor de ventos
norte e sul,
e ainda vivem canções de poetas
do coração desta cidade.

Abraçam-nos os fumos do carvão,
as calçadas desregradas,
o peixe de manhã pelo chão,
e as vozes carregadas.

E a Serra dá-se numa entrega
universal aos que a querem,
lembrando o imenso poder
da sua sabedoria intemporal,
das flores que nos oferece
a cada dia que já contemplamos sem saber.

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