já sei o que foi
aquele monte de livros
aquela porta aberta
a fresta de luz pela janela
e a folha caída da estante,
ondulante no ar rarefeito
como dançando numa melodia
frustrante e bela.
sei o que foi
o anjo quebrado
o olhar lançado
o baile encantado
a primavera perdida
pelos cantos da vida
sei o que foi
a esquina dobrada
a flecha disparada
o tempo passado
e os minutos de cada hora
da estrada percorrida
sei o que é
um poema sem rimas
uma prosa sem frases
um grito nascido do ventre
e um sopro num gesto
e depois há tudo e nada
estar, ser, desaparecer
permanecer, ganhar e perder
há caminhos rectos
outros incertos,
rumos de vento
e correntes de tempo
que nos fazem nascer,
e nada conhecer.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment